EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A)
DOUTOR(A) JUIZ(ÍZA) DA XXXXX VARA DO TRABALHO DE XXXXX
XXXXX, (nacionalidade),
(estado civil), (profissão), portador da Cédula de Identidade RG nº XXXXX,
inscrito no CPF/MF sob o nº XXXXX, residente e domiciliado na Rua XXXXX, nº
XXXXX, Bairro XXXXX, Cidade XXXXX, CEP XXXXX, por seu advogado infra-assinado,
com instrumento de mandato anexo, vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, propor a presente
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
em face de XXXXX, pessoa
jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº XXXXX, com sede na Rua
XXXXX, nº XXXXX, Bairro XXXXX, Cidade XXXXX, CEP XXXXX, pelas razões de fato e
de direito a seguir aduzidas:
I – DO CONTRATO DE TRABALHO E DA REALIDADE FÁTICA
1. Da Admissão, Função e Vínculo Clandestino
O Reclamante foi admitido aos
préstimos da Reclamada em 19.06.xxxxx, contratado para exercer a função
de diagramador, mediante remuneração inicial pactuada de R$ 950,00
(novecentos e cinquenta reais).
Não obstante a contratação
formal, o Reclamante, na prática laboral cotidiana, desempenhava as atribuições
de diretor de arte, cumprindo jornada das 08h30 às 18h00, com intervalo
intrajornada regular.
Ocorre que, em flagrante
desrespeito à legislação obreira e agindo com manifesta desídia, a Reclamada
manteve o Reclamante na clandestinidade por quase um ano.
A anotação do contrato de
trabalho na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) somente foi
efetivada em 01.06.xxxx e, ainda assim, registrando um salário
fictício de R$ 500,00 (quinhentos reais), muito aquém do valor efetivamente
percebido.
Destarte, requer-se o
reconhecimento do vínculo empregatício desde a data da real admissão (19.06.xxxx),
com a consequente retificação na CTPS quanto à data de início e à função
efetivamente exercida, bem como o recolhimento dos consectários legais deste
período.
II – DA REMUNERAÇÃO
1. Do Pagamento "Por Fora" e da Evolução Salarial
Desde o início do pacto laboral,
a Reclamada instituiu prática fraudulenta de pagamento salarial "por
fora" (extraoficial). Enquanto a CTPS apontava um valor irrisório, o
Reclamante percebia, inicialmente, R$ 950,00, pagos parte em espécie e parte
via depósitos bancários.
A evolução salarial do Obreiro,
sonegada dos registros oficiais, deu-se da seguinte forma:
- Outubro/xxxx: Majorada para R$ 1.500,00;
- Dezembro/xxxx e Janeiro/1997: Majorada para R$
1.800,00;
- Fevereiro/xxxx: Majorada para R$ 2.000,00 (dois
mil reais), conforme comprovam os extratos bancários acostados.
Tal prática visa unicamente
fraudar o Fisco e a Previdência, além de diminuir a base de cálculo dos
direitos trabalhistas do empregado, como FGTS e férias. Requer-se, pois, a
integração de tais valores ao salário para todos os efeitos legais.
2. Da Ilícita Redução Salarial
A partir de setembro/xxxx,
sob a alegação genérica de "dificuldades de caixa", a Reclamada
perpetrou ato nulo de pleno direito ao reduzir unilateralmente a remuneração do
Reclamante para R$ 1.223,00. Deste montante, pagava apenas R$ 800,00
diretamente ao obreiro e o restante destinava ao financiamento de um veículo.
A situação agravou-se em março/xxxxx,
quando a Reclamada reduziu novamente os proventos para meros R$ 800,00, pagos
com atraso habitual.
Tal conduta fere frontalmente o
princípio constitucional da irredutibilidade salarial, insculpido no
art. 7º, VI, da Constituição Federal. Assim, são devidas as diferenças
salariais desde setembro/1997 até a rescisão, tendo como base de cálculo a
maior remuneração percebida (R$ 2.000,00), com reflexos em todas as verbas
contratuais e rescisórias.
III – DA RESCISÃO CONTRATUAL E DO VÍCIO DE CONSENTIMENTO
1. Da Fraude na Dispensa e Nulidade do Pedido de Demissão
Em janeiro/xxxxxx, ao retornar de
um período de inatividade remunerada concedido pela empresa, a Reclamada propôs
um "acordo" para a rescisão. Alegando incapacidade financeira para
arcar com a multa de 40% do FGTS e temendo fiscalização, a empresa induziu o
Reclamante a assinar um pedido de demissão fictício.
Trata-se de clássico vício de
consentimento, consubstanciado na coação moral e no erro, uma vez que a
intenção da Reclamada era, fraudulentamente, eximir-se dos encargos rescisórios
de uma dispensa sem justa causa. Contudo, após obter a assinatura do Obreiro, a
Reclamada não honrou com nenhum pagamento, não deu baixa na CTPS, tampouco
forneceu as guias para o seguro-desemprego.
Diante da fraude perpetrada (art.
9º da CLT), requer-se a nulidade do pedido de demissão e o
reconhecimento da dispensa sem justa causa por iniciativa do empregador,
condenando-se a Reclamada ao pagamento de todas as verbas rescisórias inerentes
a esta modalidade, calculadas sobre a maior remuneração (R$ 2.000,00).
2. Das Verbas Rescisórias e Contratuais Pendentes
Considerando a nulidade do pedido
de demissão e a realidade salarial, são devidos:
- Aviso Prévio Indenizado;
- 13º Salários integrais de xxxx e xxxx (não pagos
sob a alegação de crise);
- 13º Salário proporcional de xxxx;
- Férias vencidas do período xxxx/xxxx (não gozadas)
em dobro + 1/3;
- Férias proporcionais + 1/3 referentes à rescisão;
- Saldo de salário.
IV – DAS MULTAS E PENALIDADES
Diante da ausência de pagamento
das verbas rescisórias no prazo legal, e considerando a natureza incontroversa
de diversas parcelas inadimplidas, impõe-se a aplicação das multas previstas
nos artigos 467 e 477, § 8º, da CLT.
V – DO FGTS
A Reclamada sonegou os depósitos
fundiários durante o período clandestino (xxxx-xxxx) e recolheu a menor durante
o restante do contrato, visto que não considerava o salário real ("por
fora").
Requer-se a condenação da
Reclamada a comprovar a regularidade dos depósitos e pagar as diferenças
decorrentes da integração salarial e do período sem registro, acrescidas da
multa de 40% sobre a totalidade do FGTS devido, liberando-se as guias para saque
(código 01).
VI – DA INDENIZAÇÃO PELO IMPOSTO DE RENDA E INSS
A conduta ilícita da Reclamada,
ao não recolher os tributos na época própria e forçar o recebimento acumulado
via judicial, sujeita o Reclamante a alíquotas fiscais superiores. Com fulcro
na responsabilidade civil e na jurisprudência, requer-se que a Reclamada arque
com a diferença do Imposto de Renda e juros/multas previdenciárias decorrentes
de sua mora, garantindo a integridade do crédito obreiro.
VII – DOS PEDIDOS
Ex positis, pleiteia o
Reclamante:
a) A citação da Reclamada
para, querendo, apresentar defesa, sob pena de revelia e confissão (art. 844 da
CLT);
b) A procedência total da
ação para declarar o vínculo empregatício desde 19.06.xxxx, condenando a
Reclamada a retificar a CTPS (data de admissão, função e real salário), bem
como a proceder à baixa com data projetada do aviso prévio;
c) O reconhecimento da
remuneração de R$ 2.000,00 para fins rescisórios e a integração
dos valores pagos "por fora" ao salário para todos os reflexos
legais;
d) O pagamento das diferenças
salariais decorrentes da redução ilícita (desde set/xx) e dos reajustes
normativos não aplicados, com reflexos em verbas contratuais e rescisórias;
e) A declaração de nulidade do
pedido de demissão, convertendo-o em dispensa imotivada, com o pagamento
das seguintes verbas, baseadas na maior remuneração: 1. Aviso Prévio Indenizado
(30 dias); 2. 13º Salário integral de xxxx e xxxx; 3. 13º Salário proporcional
(1/12) de xxxx; 4. Férias vencidas (xxxx) em dobro + 1/3; 5. Férias
proporcionais (7/12) + 1/3; 6. Saldo de salário;
f) Pagamento das diferenças de FGTS
(período sem registro + reflexos do salário "por fora"), acrescido da
multa de 40%, e entrega das guias TRCT (cód. 01) e CD/SD para
seguro-desemprego, sob pena de indenização substitutiva;
g) Aplicação das multas dos
artigos 467 e 477, § 8º, da CLT;
h) Indenização relativa a
eventuais prejuízos com Imposto de Renda e INSS decorrentes do
recebimento acumulado;
i) Expedição de ofícios à DRT,
INSS, CEF e Ministério Público do Trabalho para apuração das irregularidades e
fraudes apontadas;
j) Honorários advocatícios
sucumbenciais, juros e correção monetária na forma da lei.
Requer a produção de todas as
provas em direito admitidas, especialmente a documental, depoimento pessoal do
representante da Reclamada sob pena de confissão, e oitiva de testemunhas.
Dá-se à causa o valor provisório
de R$ 10.000,00 (dez mil reais) para efeitos de alçada.
Nestes termos, Pede
deferimento.
Local XXXXX, Data
XXXXX.
Advogado OAB/UF
nº XXXXX

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